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Assim como eu, minha amiga Karina Belarmino, sempre amou costurar suas roupas. Ela se entusiasmava tanto ao fazer isso que começou a dividir suas experiências na internet e isso fez com que ela se tornasse uma influenciadora digital muito respeitada nessa área.
Acontece que nem tudo são flores... o que trazia tanta alegria para a Karina, um dia fez com que ela adoecesse e, há três anos, Karina parou de costurar em seu canal no Youtube. Seu conteúdo mudou, assim como a Karina mudou. Em anos de canal, encheu seu closet, mas esvaziou sua alma e ela não estava mais disposta à fazer isso. Ela simplesmente mudou e aceitou isso.
Se ela passou a odiar costura? não... Até fizemos juntas, ela, minha mamis Ermelinda e eu, seu vestido de Noiva... foi difícil pra ela, costurar já não é mais tão saboroso quanto antes... mas ela casou vestida por ela mesma e foi lindo!
Sua mudança começou pela limpeza de sua casa, se desfazendo de roupas, de muitos materiais de costura e de comportamentos que não condiziam mais com sua vida nova, ela começou a pensar que, pra gostar de moda, não precisa se entupir de roupas novas e da última temporada. Buscar aquilo que combina com você, é sempre muito mais interessante e muito menos danoso, sob todos os pontos de vista...
Ok... Por que eu estou contando aqui a história da Karina?
Porque há três anos ela escuta que deveria fazer o mesmo que antes, mas ela não é a mesma... as coisas mudam e a gente precisa falar sobre isso!
Moda e o espírito do tempo
As estações mudam, os mercados mudam...
Já houve um tempo em que era contra a lei repetir roupas em eventos sociais.. aliás, isso aconteceu na França de Napoleão Bonaparte. Ele proibiu as damas de repetirem vestidos, pois, desse modo, ele protegia e desenvolvia a industria têxtil de seu país.
Consumo = Salvação
Bom, se você é minimalista, a possibilidade de comprar em marcar envolvidas na tragédia do Hana Plaza ou em situações similares está fora de questão, certo? vamos com calma...
Assiste esse vídeo que gravamos juntas onde discutimos o assunto:
Ok... Por que eu estou contando aqui a história da Karina?
Porque há três anos ela escuta que deveria fazer o mesmo que antes, mas ela não é a mesma... as coisas mudam e a gente precisa falar sobre isso!
Moda e o espírito do tempo
As estações mudam, os mercados mudam...
Já houve um tempo em que era contra a lei repetir roupas em eventos sociais.. aliás, isso aconteceu na França de Napoleão Bonaparte. Ele proibiu as damas de repetirem vestidos, pois, desse modo, ele protegia e desenvolvia a industria têxtil de seu país.
Consumo = Salvação
"Nossa economia enormemente produtiva (…) requer que façamos do consumo o nosso modo de vida, que convertamos a compra e o uso de mercadorias em rituais (…) que busquemos a nossa satisfação espiritual ou do nosso ego no consumo (…) nós precisamos de coisas consumidas, destruídas, gastas, substituídas e descartadas numa taxa continuamente crescente”. Victor Lebow
Acima, citei a solução encontrada pelo Analista de vendas do governo Eisenhower (1953 à 1961) que, frente à uma economia fragilizada pela segunda guerra em todo o mundo, buscava saídas para evitar um novo período de recessão.
Até então, nossos antepassados compravam coisas que duravam anos e anos, como a minha máquina de costura Elgin Preta, que funciona até hoje muito bem...
Porém, diante da ameaça de novos momentos difíceis, optou-se pela obsolescência programada, ou seja, para a criação de produtos que logo precisariam ser trocados, fosse por perda de funcionalidade, fosse por inadequação à moda vigente.
Nunca se produziu tanto e nunca se vendeu tanto. As roupas passaram a ser produzidas para que fossem usadas apenas 4, 5 usos e, tchau! saiu de moda e precisa ser trocada! Era chique não repetir roupa, como no império napoleônico... mas tudo tem um preço e o que parecia uma ideia genial, foi um tiro que saiu pela culatra... Montes de lixo se formaram enquanto almas se esvaziaram, graças à roda dos ratos que é trabalhar para adquirir coisas... e trabalhar mais para substituir tudo isso! O aumento expressivo de casos de depressão já seria suficientemente explicado por essa lógica, mas é melhor não comentar...
Enfim, Quando falo de almas que se esvaziaram, me refiro às pessoas que trabalharam mais e mais e ganharam merrecas que mal supriam suas necessidades, por isso, era preciso trabalhar ainda mais e se sujeitar às piores condições de trabalho para conseguir sobreviver na sociedade de consumo. Nesse momento, estou falando das pessoas em trabalho análogo ao escravo que morreram no edifício HANA PLAZA, em Daca, capital de Bangladesh.
Nesse prédio que desabou em abril de 2013, estavam localizadas oficinas de costura que fabricavam em esquema de terceirização, roupas para marcas como Zara, H&M, Primark, Walmart, Carrefour, entre outras tantas que fechavam seus olhos para o modo como suas roupas estavam sendo produzidas, afinal, o que importava era ter produto novo na loja, mesmo que isso custasse caro... pra alguém!
Fashion Revolution
Após essa tragédia, surgiu o movimento global sem fins lucrativos Fashion Revolution, com equipes em mais de 100 países ao redor do mundo e que faz campanha para a reforma sistêmica da indústria da moda, com foco na necessidade de maior transparência na cadeia de suprimentos de moda.
O movimento surgiu para mostrar ao mundo aquilo que o mundo não queria ver até que esse prédio caísse e deixasse 1127 mortos, sendo que 5000 ali trabalhavam. A propósito, o prédio caiu por não suportar tanta gente em seu interior. não havia estrutura nem salubridade.
"We love fashion. But we don’t want our clothes to exploit people or destroy our planet. We demand radical, revolutionary change.
This is our dream…"
Minimalismo
O mundo teve que discutir o que já não era mais sustentável: Esse consumo desenfreado e desmedido, que se sobrepunha à tudo, mesmo custando o bem estar de quem estava na base da cadeia de produção ou até mesmo do meio ambiente, que não tem mais como absorver tanto lixo. Assim surgiu o movimento MINIMALISTA, que busca viver melhor com menos.
Com MENOS, não com nada, repare a diferença. A ideia central do movimento é incentivar a reflexão sobre o que é importante para nossa vida, evitando hábitos impulsivos que nos levam a comprar sem pensar, sem saber se o que estamos adquirindo é realmente útil ou se realmente faz sentido. É sobre refletir se o que já temos ainda tem lugar na nossa história, ou se merece ser direcionado para quem possa utilizar melhor. É sobre ter consciência do que é necessidade ou o que é desejo vazio de posse. É sobre entender se o que estamos adquirindo é oriundo de relações justas e de menor impacto ao sistema no qual estamos inseridos.
Ainda assim, os minimalistas estão inseridos nesse sistema e vivem nele como qualquer pessoa: trabalham, ouvem rádio, usam internet, andam de avião, consomem... a questão aqui é que tudo isso é feito com consciência sobre o que é importante ou sobre o que é fugaz. Minimalismo não é uma seita de pessoas que vivem à margem da sociedade, entenda isso!
Nesse momento, te pergunto: lembra da minha amiga Karina? Ela viu no minimalismo uma forma melhor de coexistir na sociedade. Mas as pessoas que desejam que ela volte a ser como antes, não entenderam que ela continua a mesma, só que diferente. valorizando o que faz sentido e deixando pra lá o que não traz felicidade... incluindo roupas!
BOICOTAR MARCAS RESOLVE?
Bom, se você é minimalista, a possibilidade de comprar em marcar envolvidas na tragédia do Hana Plaza ou em situações similares está fora de questão, certo? vamos com calma...
Assiste esse vídeo que gravamos juntas onde discutimos o assunto:
Espero que você tenha assistido e que você comente aqui nesse post as suas colocações. Reescrever me tornaria redundante! Seguimos.
COMO AGIR, DIANTE DISSO?
(Não espere uma afirmação da minha parte, estou aqui pra gerar mais perguntas!)
Atualmente, o conteúdo da Karina em suas redes sociais, levam seu estilo de vida minimalista à discussão. Diariamente, ela sugere aos seus seguidores que pensem antes de comprar por comprar, para priorizar o que já existe no mercado, como por exemplo comprar peças de segunda mão, comprar no mercado local. Fazer também é uma excelente alternativa, mas você precisa mesmo de 50 vestidos de festa? para e pensa!
"MAS EU GOSTEI DAQUELA ROUPA DA ZARA!!!"
- Você vai usar essa peça muitas vezes com diferentes combinações?
- Essa peça combina com a pessoa que você é hoje?
Se você respondeu sim a, pelo menos, duas dessas perguntas, compre... seja feliz! Perceba que não incentivar o consumismo não significa não comprar nessas empresas e muito menos usar folha de árvores para tampar as partes, como fazia Adão e Eva... Usar roupa é um código intransponível da vida em sociedade e você está inseridx nesse contexto.
Acontece que as marcas também estão inseridas nessa sociedade (visto que chamamos empresas de PESSOAS JURÍDICAS) e elas que sejam transparentes e que acrescentem valor à sociedade. Penso que, como consumidores, nosso dever é cobrar das empresas, sejam elas grande ou pequenas, uma postura adequada e que não seja nociva ao ambiente que a contextualiza, afinal, nós estamos nesse ambiente e queremos uma vida plena.
Ah, antes que eu esqueça, fazer suas roupas, nesse sentido, não te exclui da necessidade de cobrar as empresas que fornecem os fios e tecidos de serem transparentes também. todos os elos da cadeia podem esconder armadilhas.
Mas e a Karina?
Karina levantou uma bandeira indigesta ao questionar os hábitos de consumo que estão arraigados na nossa sociedade, desde os anos 60. Por esse motivo, vive sendo questionada sobre prováveis incoerências em seu discurso. Entre as mais evidentes estão:
"Você fala de sustentabilidade e compra na zara?!"
Pois é, ela compra, mas ela só compra o que, de fato, fará diferença na vida dela. E ao decidir comprar, ela mostra à empresa que ela está no comando e que exige uma resposta e um comportamento mais digno e idôneo.
E você, está exercendo sua cidadania também?
Boa Reflexão!
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